Cessar-fogo entre Índia e Paquistão

Imagine dois vizinhos brigando por um muro de divisa há mais de 70 anos, só que em vez de vassouras e palavrões, eles têm armas nucleares. Pois é exatamente esse o cenário que testemunhamos com Índia e Paquistão, que finalmente concordaram com um cessar-fogo após os confrontos mais violentos em duas décadas. Donald Trump foi […]

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Imagine dois vizinhos brigando por um muro de divisa há mais de 70 anos, só que em vez de vassouras e palavrões, eles têm armas nucleares. Pois é exatamente esse o cenário que testemunhamos com Índia e Paquistão, que finalmente concordaram com um cessar-fogo após os confrontos mais violentos em duas décadas. Donald Trump foi quem deu a notícia primeiro, comemorando o sucesso das negociações mediadas pelos EUA. Como diria um diplomata bem-humorado: “Nada como o medo de um apocalipse nuclear para fazer as pessoas conversarem civilizadamente.”

A Roleta-Russa Nuclear que Assustou o Mundo

A tensão entre os dois países explodiu em 22 de abril, quando um atentado na cidade de Pahalgam, na Caxemira administrada pela Índia, resultou na morte de 26 pessoas, principalmente hindus. Daí em diante, foi como jogar gasolina em uma churrasqueira já acesa. A Índia bombardeou o que chamou de “acampamentos terroristas” no Paquistão, destruindo nove alvos na Caxemira e Punjab. Em retaliação, o Paquistão afirmou ter derrubado cinco caças indianos (embora a Índia não tenha confirmado esse número oficialmente).

O fogo cruzado na fronteira resultou em pelo menos 49 mortes civis: 36 do lado paquistanês e 13 do lado indiano. E como se bombas não fossem o bastante, o primeiro-ministro indiano Narendra Modi ameaçou cortar o fluxo de água dos rios para o Paquistão – ao que Islamabad respondeu que consideraria tal ato como “declaração de guerra”. Era como se estivéssemos assistindo a uma partida de xadrez onde cada movimento aproximava mais o xeque-mate global.

Caxemira: O Pomo da Discórdia Desde 1947

Para entender esse conflito, precisamos voltar a 1947, quando o subcontinente indiano se livrou do domínio britânico. Foi como um divórcio complicado onde ninguém concordava sobre quem ficaria com a casa de veraneio – neste caso, a região de Caxemira. De maioria muçulmana, mas inicialmente sob controle indiano, a região se tornou palco de um movimento de insurgência que ora pede independência, ora anexação ao Paquistão.

A Índia consistentemente acusa o Paquistão de apoiar grupos terroristas na região, como o Lashkar-e-Taiba (LeT), designado como organização terrorista pela ONU. É como se o drama que começou há 76 anos vivesse em um loop infinito de acusações, ataques e retaliações, com a população civil pagando o preço mais alto. Como diria um historiador cínico: “Se a história é um professor, Índia e Paquistão são alunos que faltam às aulas e só aparecem para as brigas no intervalo.”

A Diplomacia do Terror e a Reação Internacional

Na última semana, a comunidade internacional se viu na posição daquele amigo que tenta separar uma briga de bar antes que alguém saque uma arma. Estados Unidos, União Europeia, Rússia, Reino Unido e França imploraram por moderação. O secretário-geral da ONU, através de seu porta-voz Stéphane Dujarric, foi categórico: “O mundo não pode se permitir um confronto militar entre Índia e Paquistão.” Traduzindo: “Por favor, não apertem o botão vermelho.”

O próprio Trump, que no início de seu mandato tinha adotado uma postura mais favorável à Índia, mudou o tom e declarou que queria ver as hostilidades cessarem. O Reino Unido, através do secretário de Comércio Jonathan Reynolds, ofereceu sua mediação – talvez numa tentativa tardia de remediar o caos que ajudou a criar ao traçar as fronteiras na região em 1947.

O Cessar-fogo: Um Respiro de Alívio em um Conflito Crônico

Após o que Trump descreveu como “uma longa noite de negociações”, Índia e Paquistão concordaram com um cessar-fogo “completo e imediato”. O ministro das relações exteriores do Paquistão, Ishaq Dar, reafirmou o compromisso de seu país com a paz regional, “sem comprometer sua soberania e integridade territorial”. O espaço aéreo paquistanês, que havia sido fechado durante os confrontos, foi reaberto na manhã seguinte ao acordo.

É difícil não comparar essa situação com dois jogadores de pôquer que, depois de apostarem todas as fichas, percebem que estão jogando com a vida de milhões de pessoas. O cessar-fogo não resolve o conflito histórico, mas pelo menos dá um tempo para que ambos os lados respirem – e talvez, apenas talvez, comecem a considerar soluções mais duradouras para uma disputa que já custou tantas vidas.

Na balança geopolítica atual, todos saem ganhando com esse cessar-fogo: os civis que vivem sob constante ameaça, os líderes que podem agora focar em problemas domésticos, e o resto do mundo que pode, por enquanto, riscar “guerra nuclear no sul da Ásia” da lista de preocupações imediatas. Como diria um analista de segurança internacional com senso de humor: “Às vezes, a vitória na diplomacia não é conquistar tudo o que se quer, mas evitar que tudo vá pelos ares.”