Cerimonia ocorre antes do Conclave
Imagine só acordar às 5h da manhã (horário de Brasília) para assistir a um evento que acontece tão raramente quanto um eclipse solar total. Pois bem, foi exatamente isso que ocorreu nesta manhã na Basílica de São Pedro: a cerimônia “Pro Eligendo Romano Pontifice” — que, para nós meros mortais, significa “Para a Eleição do Romano Pontífice”. É como se fosse o aquecimento antes da grande final de um campeonato mundial, só que este determina quem será o novo CEO da organização mais antiga e contínua do planeta!
A cerimônia começou com uma procissão que parecia tirada diretamente de um filme medieval de alto orçamento. Os 133 cardeais, em ordem de senioridade, caminharam lentamente pela Basílica de São Pedro como se estivessem desfilando numa passarela celestial. E não era para menos: cada um deles pode ser o próximo a usar aquele famoso chapéu branco que faz qualquer pessoa ser reconhecida em qualquer lugar do mundo. É como uma entrevista de emprego cósmica onde Deus é o recrutador principal!
O Cardeal Giovanni Battista Re, aos seus impressionantes 91 anos, foi o maestro desta sinfonia sagrada. Como Decano do Colégio Cardinalício, ele proferiu a homilia com uma mensagem que poderíamos traduzir em linguagem moderna como: “Precisamos de um papa que faça as pessoas desligarem um pouco o TikTok e lembrarem que existe algo chamado espiritualidade”. Em suas próprias palavras, ele pediu por um pontífice “que saiba despertar a consciência de todos e as energias morais e espirituais da sociedade atual, caracterizada por grande progresso tecnológico, mas que tende a esquecer Deus”.
Após a missa, os cardeais tiveram direito a um longo almoço — provavelmente o último momento de relativa descontração antes da grande decisão. Imagino a cena: “Passe a salada, Eminência, e me diga o que acha daquele cardeal brasileiro…” Brincadeiras à parte, esse período de reflexão é crucial. Às 16h30 (11h30 no Brasil), começou a procissão rumo à Capela Sistina, onde o verdadeiro jogo de poder sagrado acontece.
Uma vez na Capela Sistina — aquela mesma que Michelangelo pintou deitado de costas como quem tenta alcançar o teto para trocar uma lâmpada, só que por quatro anos — os cardeais realizaram o ritual que transforma este lugar na versão eclesiástica do Big Brother. Todos fizeram um juramento coletivo e individual, prometendo sigilo perpétuo sobre a eleição. É como aquele pacto que você fez com seus amigos na infância, só que com consequências celestiais se quebrado! Depois veio o famoso “extra omnes” — latim para “todo mundo pra fora” — e as portas foram fechadas.
E agora começa o verdadeiro reality show divino, onde não há câmeras, mas existe uma chaminé famosíssima. Se você nunca assistiu a este espetáculo, funciona assim: fumaça branca significa “Temos um papa!”; fumaça preta significa “Vamos tentar de novo amanhã”. É provavelmente o único sistema de comunicação visual que permanece inalterado desde o século XIII — nem o WhatsApp tem essa longevidade!
O processo de escolha exige dois terços dos votos para eleger o novo pontífice. Sem acordo? Mais votações serão realizadas nos dias seguintes. O suspense faz o mundo inteiro ficar de olhos fixos naquela pequena chaminé, como crianças esperando a chegada do Papai Noel. Talvez seja a única vez na história contemporânea em que milhões de pessoas ficam genuinamente emocionadas ao ver… fumaça!
O que torna essa cerimônia tão fascinante é como ela conecta tradições milenares ao mundo contemporâneo. Enquanto nos comunicamos por emoji e memes, os cardeais mantêm vivo um ritual que atravessou séculos de história humana. É como se, por alguns dias, o mundo inteiro voltasse a se interessar por algo que não pode ser apressado nem resolvido com um clique ou um swipe. No fim, essa mistura única de tradição, fé e drama humano nos lembra que, apesar de toda nossa modernidade, algumas coisas fundamentais sobre nossa existência permanecem as mesmas que nossos ancestrais contemplavam.
E assim, enquanto o mundo aguarda ansiosamente o resultado deste sacro conclave, vale lembrar que, por trás das vestes vermelhas e dos rituais elaborados, estão homens com uma tarefa monumental: escolher quem guiará espiritualmente mais de 1,3 bilhão de católicos pelo mundo. Uma responsabilidade que, como bem lembrou o Cardeal Re, é “de excepcional importância” — talvez o maior understatement desde que alguém disse que a Capela Sistina tinha “um teto interessante”.