Em sua primeira homilia como líder da Igreja Católica, o Papa Leão XIV apresentou uma visão profunda e reflexiva sobre o papel da Igreja no mundo contemporâneo, destacando a necessidade de ser um “farol que ilumina as noites do mundo”.
O novo pontífice, cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, que sucede ao Papa Francisco após seu falecimento em abril de 2025, trouxe em seu discurso inaugural um chamado à autenticidade e uma crítica à superficialidade espiritual do mundo moderno.
Com palavras de humildade e convicção, Leão XIV expressou sua compreensão do papado como uma missão divina: “Deus me confiou este tesouro para que, com a sua ajuda, eu possa ser seu administrador fiel em benefício de todo o Corpo Místico da Igreja”.
Esta missão, segundo o pontífice, vai além da administração institucional, visando transformar a Igreja em “uma cidade sobre o monte, uma arca de salvação navegando pelas águas da história”, reafirmando a visão bíblica do papel da comunidade cristã como referência moral e espiritual para toda a humanidade. Em um diagnóstico lúcido dos desafios contemporâneos, o Papa lamentou o declínio da fé cristã, frequentemente considerada “uma coisa absurda, para pessoas fracas e pouco inteligentes”, em um mundo que privilegia “outras seguranças, como a tecnologia, o dinheiro, o sucesso, o poder e o prazer”.
Esta crítica ao materialismo e ao hedonismo moderno segue a linha de seu antecessor, Papa Francisco, reforçando a continuidade de uma Igreja preocupada com a autenticidade espiritual em tempos de consumismo e superficialidade. Particularmente contundente foi seu alerta contra a redução da figura de Jesus a um “líder carismático ou super-homem”, fenômeno que, segundo o pontífice, ocorre “não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados, que acabam por viver, a este nível, num ateísmo prático”.
Esta observação revela a preocupação do Papa com uma fé cristã autêntica, que reconheça a divindade de Cristo e não apenas seus aspectos humanos ou históricos. Leão XIV, o primeiro papa americano da história, com raízes agostinianas e experiência pastoral significativa no Peru, onde foi bispo de Chiclayo e obteve cidadania, mostrou-se em sua homilia como um líder que valoriza a simplicidade e a autenticidade evangélica.
Sua declaração de que a Igreja deve se identificar “pela santidade de seus membros, e não pela grandiosidade de seus edifícios” reflete uma visão eclesiológica focada mais na vivência dos valores cristãos do que nas estruturas institucionais. Durante a celebração na Capela Sistina, o novo Papa também prestou homenagens ao apóstolo São Pedro, reconhecido como o primeiro bispo de Roma, pedindo sua bênção para o novo pontificado.
Papa da inicio ao seu Papado
A cerimônia marcou o início de um papado que promete seguir a linha progressista de Francisco, com ênfase no serviço aos mais necessitados e na renovação espiritual da Igreja. Robert Francis Prevost, agora Papa Leão XIV, traz para o pontificado sua experiência de trabalho com comunidades carentes e uma visão de Igreja como servidora da humanidade, especialmente dos mais vulneráveis.
Sua menção carinhosa à “querida diocese de Chiclayo, no Peru” revela um pastor que valoriza os laços comunitários e a fidelidade do povo a Jesus Cristo. O novo pontífice se prepara para recitar a oração do Regina Coeli na Sacada Central da Basílica de São Pedro no domingo seguinte, continuando assim a tradição de proximidade com os fiéis que caracterizou o papado de Francisco.