Esquerda: Baixa adesão marca protestos

As manifestações organizadas por movimentos de esquerda neste domingo (30 de março de 2025) em diversas capitais brasileiras, com o objetivo de protestar contra o Projeto de Lei da Anistia e exigir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, registraram uma participação aquém do esperado. Em São Paulo, por exemplo, o protesto reuniu aproximadamente 6.600 pessoas, […]

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As manifestações organizadas por movimentos de esquerda neste domingo (30 de março de 2025) em diversas capitais brasileiras, com o objetivo de protestar contra o Projeto de Lei da Anistia e exigir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, registraram uma participação aquém do esperado. Em São Paulo, por exemplo, o protesto reuniu aproximadamente 6.600 pessoas, conforme estimativas do grupo de pesquisa “Monitor do debate político” da Universidade de São Paulo (USP) e da ONG More in Common. ​

Essa mobilização ocorreu na véspera do 61º aniversário do golpe militar de 1964 e cinco dias após Bolsonaro ter se tornado réu por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado. Apesar da relevância dos temas abordados, a adesão limitada aos atos sugere desafios enfrentados pela esquerda em mobilizar grandes contingentes populares. Analistas apontam que, mesmo com pautas significativas, a capacidade de mobilização tem sido um obstáculo para os movimentos progressistas. ​

Em contraste, manifestações anteriores organizadas por apoiadores de Bolsonaro também registraram baixa participação. Um exemplo foi o ato realizado em Copacabana, Rio de Janeiro, em 16 de março de 2025, que contou com cerca de 18 mil participantes, número bem inferior ao esperado pelos organizadores. ​

Esses eventos refletem um cenário político no qual tanto a esquerda quanto a direita enfrentam dificuldades em mobilizar expressivas parcelas da população para participarem de manifestações de rua, indicando possíveis mudanças nas dinâmicas de engajamento político no país.

A esquerda em declínio

A perda de mobilização da esquerda em manifestações pode ser explicada por vários fatores, entre eles:

1. Desgaste Político e Falta de Novidade

Muitos temas levantados pela esquerda já estão em debate há anos, o que pode gerar um certo desgaste e desinteresse por parte do público. Além disso, após a chegada de Lula ao governo, parte da base pode sentir que a luta já foi vencida, reduzindo o ímpeto para protestos.

2. Falta de Conexão com a População

Movimentos de esquerda podem estar enfrentando dificuldades em dialogar com a população mais ampla, muitas vezes focando em pautas identitárias e ideológicas que não ressoam com as preocupações imediatas do cidadão comum, como segurança, emprego e economia.

3. Redes Sociais Substituindo as Ruas

Hoje, grande parte do debate político acontece no ambiente digital. Muitos militantes preferem se engajar online, onde podem alcançar um público maior e influenciar o discurso sem precisar sair de casa.

4. Repressão e Medo de Violência

Após anos de polarização, há um medo crescente de confrontos nas ruas, seja por violência policial ou por embates com opositores políticos. Isso pode inibir a participação em atos públicos.

5. Estratégia de Governo Diferente

Com Lula no poder, há menos incentivo para que grandes sindicatos e movimentos sociais organizem protestos, já que muitos desses grupos têm vínculos diretos com o governo e preferem negociar nos bastidores.

O cenário atual sugere que a esquerda precisa repensar suas estratégias para se reconectar com a população e tentar recuperar algo difícil de se recuperar, já que a esquerda aborda temas que a sociedade de modo geral não tem interesse.