INSS: Lupi pede demissão

Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo de fraudes no INSS O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão nesta sexta-feira (2), em meio à crescente pressão política decorrente do escândalo de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão ocorre após a deflagração da operação “Sem […]

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Carlos Lupi pede demissão do Ministério da Previdência após escândalo de fraudes no INSS

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão nesta sexta-feira (2), em meio à crescente pressão política decorrente do escândalo de fraudes bilionárias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão ocorre após a deflagração da operação “Sem Desconto” pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que revelou um esquema de descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, resultando em um prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões aos cofres públicos .

Entenda o caso

A operação, realizada em abril de 2025, identificou que diversas entidades estavam realizando descontos associativos não autorizados diretamente nos benefícios previdenciários. A investigação apontou que tais práticas ocorreram entre 2019 e 2024, abrangendo os governos anteriores, mas se intensificaram nos últimos anos devido a falhas na fiscalização e ao aumento de convênios suspeitos .

O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, foi afastado do cargo após ser alvo de mandados de busca e apreensão em seu gabinete e residência . A nomeação de Stefanutto foi considerada de “inteira responsabilidade” de Lupi, o que aumentou a pressão sobre o ministro .

Pressão política

O Palácio do Planalto demonstrou preocupação com a extensão do escândalo e cobrou explicações de Lupi sobre as irregularidades no INSS. A operação “Sem Desconto” foi considerada sensível pelo governo, especialmente devido à proximidade de algumas entidades envolvidas com figuras políticas, como o irmão do presidente Lula, Frei Chico, que é vice-presidente de uma das entidades investigadas .

Diante da pressão política e das investigações em curso, Lupi optou por deixar o cargo, afirmando que sua saída visa preservar a integridade das instituições e permitir que as apurações ocorram sem interferências.

Próximos passos

O governo ainda não anunciou o substituto de Lupi no Ministério da Previdência Social. A expectativa é que o novo titular da pasta seja alguém com perfil técnico e capacidade para conduzir as reformas necessárias no INSS, visando restaurar a confiança da população no sistema previdenciário.

Enquanto isso, as investigações da Polícia Federal e da CGU continuam, com o objetivo de identificar todos os responsáveis pelas fraudes e recuperar os recursos desviados.

Quem é Carlos Lupi

Carlos Roberto Lupi é um político brasileiro nascido em Campinas (SP) em 1957. Filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), Lupi construiu uma longa trajetória na política nacional, marcada por sua ligação histórica com Leonel Brizola e por passagens por cargos legislativos e executivos.

Formação e início na política

Lupi formou-se em Administração pela Faculdade do Centro Educacional de Niterói (FACEN). Iniciou sua militância política no início dos anos 1980, quando conheceu Leonel Brizola enquanto trabalhava como jornaleiro no Rio de Janeiro. A partir desse encontro, filiou-se ao PDT e passou a integrar a estrutura partidária.

Carreira política

Ao longo de sua carreira, Lupi ocupou diversos cargos públicos:

  • Deputado federal pelo Rio de Janeiro (1991–1995), período em que apresentou 13 projetos de lei e foi considerado Deputado Nota 10 pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).
  • Secretário de Transportes da Prefeitura do Rio de Janeiro (1992–1994).
  • Secretário de Governo do Estado do Rio de Janeiro (1999–2000).
  • Presidente nacional do PDT a partir de 2004, após a morte de Brizola, cargo que ocupou até 2023, quando se licenciou para assumir o ministério.

Passagens pelo governo federal

Lupi foi ministro do Trabalho e Emprego entre 2007 e 2011, durante os governos Lula e Dilma Rousseff. Sua gestão foi marcada por iniciativas como a ampliação dos cursos gratuitos no Sistema S e a regulamentação das centrais sindicais. No entanto, deixou o cargo em dezembro de 2011 após denúncias de irregularidades envolvendo contratos com ONGs, o que levou a Comissão de Ética Pública da Presidência a recomendar sua saída .

Em janeiro de 2023, retornou ao primeiro escalão do governo como ministro da Previdência Social no terceiro mandato de Lula. Sua gestão, porém, foi interrompida em maio de 2025, quando pediu demissão em meio a um escândalo de fraudes no INSS, envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas .

Perfil político

Lupi é conhecido por sua atuação em defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários, alinhando-se historicamente às pautas progressistas. Sua liderança no PDT foi marcada por uma postura crítica a reformas que considerava prejudiciais aos trabalhadores, como a Reforma da Previdência proposta durante o governo Michel Temer.